Vídeo mostra agressões a duas pessoas suspeitas de furto de leite em mercado na Bahia

Vídeo mostra agressões a duas pessoas suspeitas de furto de leite em mercado na Bahia

O jovem que aparece nas imagens sendo agredido ao lado de uma mulher na parte externa de um mercado da Rede Carrefour, em Salvador, prestou depoimento à polícia nesta quinta-feira (11) .

Em documento que a TV Bahia teve acesso, o rapaz disse que os suspeitos usaram uma barra de ferro para agredi-lo na cabeça e na perna. As imagens não mostram esse momento da ação e não foi detalhado se o jovem passou por exame de corpo de delito.

Sobre o depoimento do jovem, o Grupo Carrefour reforçou que registrou a ocorrência de agressão e lesão corporal, desligou a liderança e a equipe de prevenção da loja, além de rescindir o contrato com a empresa responsável pela segurança da área externa do mercado. [Confira nota completa no final da matéria]

Ainda sobre o depoimento, o jovem de 19 anos relatou ter sido abordado por sete seguranças do supermercado, todos estavam sem fardamento, portavam armas de fogo e um estaria a bordo de uma motocicleta.

Ele relatou ter sido agredido na costela, pescoço, cabeça e partes íntimas com socos, tapas e chutes. Além da agressão física, o homem disse ter sido agredido verbalmente com diversos xingamentos, como é possível ouvir no áudio do vídeo que viralizou nas redes sociais. [Assista o vídeo no início da matéria]

A mulher que estava com o jovem e também foi agredida não prestou depoimento. Ele disse que o furto de leite foi realizado para alimentar a filha de um ano da mulher, pois eles estavam passando por necessidades financeiras.

O jovem também alegou ter sido ameaçado. Os seguranças teriam tirado fotos dele e da sua companheira e disseram que seriam enviadas para que policiais da região matassem eles. Após as agressões na parte externa do estabelecimento, ele disse que foi levado para dentro do mercado onde foi agredido e ameaçado de morte novamente.

Confira nota do Grupo Carrefour na íntegra

”Reforçamos que, desde que tomamos conhecimento do caso inadmissível, na sexta-feira, dia 5, registramos a ocorrência de agressão e lesão corporal, desligamos a liderança e a equipe de prevenção da loja, além de rescindir o contrato com a empresa responsável pela segurança da área externa. Confiamos nas autoridades para que os envolvidos neste crime sejam punidos”.

O caso

Mochila da mulher foi filmada durante vídeo  — Foto: Arquivo pessoal

Mochila da mulher foi filmada durante vídeo — Foto: Arquivo pessoal

Um vídeo divulgado nas redes sociais mostra agressões a duas pessoas na parte externa de um mercado em Salvador, após elas suspostamente terem furtado sacos de leite em pó. O caso aconteceu no dia 5 de maio e de acordo com o estabelecimento, os envolvidos foram demitidos.

O vídeo gravado mostra o homem e a mulher sendo xingados e agredidos com tapas no rosto. Em determinado momento da filmagem, a mulher mostrou sacos de leite em pó em uma mochila, e assumiu o furto, argumentando que precisava dar o leite para a filha.

Ainda no vídeo, o casal é coagido a falar os próprios nomes e os nomes das respectivas mães. O g1 entrou em contato com a Polícia Militar, que informou que não foi chamada para atender a ocorrência. A Rede Carrefour repudiou a situação. Na segunda-feira (8), o vice-presidente de transformação em operação da Rede Carrefour, Marcelo Tardim, disse que o agressor que aparece nas filmagens, que viralizaram nas redes sociais, não trabalha para a rede.

Nas imagens, gravadas pelo próprio suspeito, é possível ver que ele tem uma tatuagem na mão e segundo Marcelo Tardi, essa característica não bate com a de nenhum funcionário da empresa. Mesmo após essa identificação, a demissão da equipe de segurança do mercado foi mantida.

Ministério da Igualdade Racial envia ofícios

O Ministério da Igualdade Racial enviou ofícios ao Grupo Carrefour e ao Ministério Público da Bahia (MP-BA), solicitando informações sobre o andamento da denúncia de racismo e tortura sofridos por um casal negro na área de um mercado, em Salvador. A informação foi divulgada pelo órgão nesta terça-feira (9).

O documento foi encaminhado para Maria Alícia Lima Peralta, vice-presidente de Assuntos Corporativos do Carrefour, pela Secretaria de Políticas de Ações Afirmativas e Combate ao Racismo.

Por meio de nota, o Carrefour disse que se colocou à disposição do ministério, também por meio de ofício, para prestar informações. O grupo garantiu ainda que vai colaborar com as investigações e definiu o caso como inadmissível.

Polícia e Ministério Público apuram

Sede do Ministério Público da Bahia (MP-BA), em Salvador  — Foto: Alan Oliveira/G1

Sede do Ministério Público da Bahia (MP-BA), em Salvador — Foto: Alan Oliveira/G1

O Ministério Público da Bahia (MP-BA) abriu, na segunda-feira (8), um processo para apurar se houve crime de racismo no caso. A investigação ficará a cargo da 1ª Promotoria de Justiça de Direitos Humanos.

A Polícia Civil abriu um inquérito para apurar as agressões e torturas cometidas contra as vítimas. Os agressores ainda não foram encontrados.

Na quarta-feira (10), o MP-BA estipulou um prazo de cinco dias para que a Rede Carrefour apresente imagens das câmeras de segurança do mercado onde as agressões aconteceram.

Por meio de nota, o Grupo Carrefour informou que as imagens das câmeras de segurança já foram entregues para a Polícia Civil e serão repassadas para o MP e outras autoridades.