Por Fantástico

Exclusivo: a investigação de um dos principais suspeitos de financiar os atos terroristas
Quem levou os golpistas a Brasília? Eles saíram de várias partes do país em direção à capital federal, onde promoveram os atos terroristas de 8 de janeiro, e as autoridades dizem que o movimento foi patrocinado. Agora, as investigações são para identificar os financiadores dos atos terroristas. E o trabalho está só começando.

Um dos nomes na mira da Polícia Federal é Walter Parreira, que aparece como contratante de um ônibus que saiu de São Vicente, no litoral paulista, rumo ao centro de Brasília no dia 7 de janeiro. Em vídeos, ele não esconde a participação em atos democráticos.

“Meu nome é Walter Parreira. Sou representante comercial. Sou formado em história e publicidade. Sou fundador de um grupo de patriotas aqui da Baixada, estive à frente das grandes mobilizações, estamos na trincheira patriótica lutando pelas pautas do nosso presidente. (…) Recebemos um chamamento nacional. Só vai avançar quem tem sangue nos olhos”, disse ele antes da viagem a Brasília.

 

Walter Parreira — Foto: Reprodução/Fantástico

Walter Parreira — Foto: Reprodução/Fantástico

As promessas na convocação de golpistas incluíam “ônibus novos, superbons, sem custo. O passageiro só vai pagar o que consumir na estrada. Para quem tem disponibilidade para viajar, tudo pago. Tem que ficar acampado. E se tiver mais pessoas, conseguiremos mais ônibus.”

Já dentro do ônibus, a caminho da capital da República para participar dos atos terroristas, Walter fez um apelo: “Está sobrando ônibus e faltando patriota”.

“Estamos indo em direção ao nosso objetivo. Aqui de Santos, saindo em torno de 50 ônibus. O senhor, empresário, não pode ir, mas tem condição de financiar um ônibus. Agora, vamos para a frente de combate”, disse o golpista.

A Polícia Federal, com apoio de outros órgãos, é que vai comandar as investigações e traçar a cadeia de criminosos dessa tentativa de golpe. Fantástico teve acesso, com exclusividade, a um dos principais alvos da apuração da PF: Otto Guilherme Vieira, que aparece num vídeo convocando manifestantes.

“Estamos solicitando pessoal que tem intenção de sair hoje para Brasília. Pode sair um ônibus hoje ou até dois, dependendo do contingente. Preciso do nome completo, CPF ou telefone. Vai sair mais dois (sic) de Blumenau. Então, rapidinho, com urgência.”

Otto Guilherme Vieira — Foto: Reprodução/TV Globo

Otto Guilherme Vieira — Foto: Reprodução/TV Globo

Otto Vieira é CAC, como são chamados aqueles que fazem parte do grupo Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador, e tem pelo menos 39 armas relacionadas ao nome dele. É, também, dono de um clube de caça e tiro em Blumenau, Santa Catarina. Ele é bastante ativo nas redes sociais, mas fechou alguns perfis nos últimos dias.

 

A caçada aos financiadores em todo o país ainda está no início, e o ponto de partida foi seguir os rastros dos pequenos patrocinadores. Por isso, está sendo feito um mapeamento de todos os ônibus que foram a Brasília.

Fantástico entrou, também com exclusividade, no pátio da Polícia Rodoviária Federal onde boa parte dos veículos está apreendida. A reportagem apurou que a lista de contratantes de ônibus, feita pela Advocacia-Geral da União, é usada na investigação criminal.

O documento tem cerca de 60 pessoas de dez estados brasileiros, sendo a maioria de São Paulo, e a AGU pediu o bloqueio de bens dos primeiros possíveis financiadores do ato, para garantir o ressarcimento de mais de R$ 6 milhões – valor inicialmente estimado com os prejuízos após os ataques. A Justiça determinou, então, que esse bloqueio de bens acontecesse com contratantes de ônibus.

A polícia quer identificar também quem bancou a alimentação dessas pessoas. No total, até este domingo (15), 85 mil denúncias chegaram ao Ministério da Justiça de todos os cantos do país.