Violência nas escolas públicas preocupa pais e professores
O Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB) registrou este ano 53 ocorrências de atos de violência nas escolas públicas da capital e do interior. Os dados são de arrombamentos, invasões, intimidações e ameaças.
No final de março, uma outra escola da mesma região também foi assaltada. Um homem e uma mulher teriam pulado o muro da Escola Municipal Rural Boa União. A dupla roubou celulares e um computador.
Ainda em março, a Escola Municipal Perminio Leite, no bairro 2 de Julho, em Salvador, foi arrombada. Além dos materiais de trabalho da escola, os criminosos roubaram R$ 150 da caixinha dos funcionários para compra de água e café.
Em fevereiro, duas escolas municipais do bairro de Pernambués, na capital baiana, suspenderam as atividades e mais de 700 estudantes ficaram sem aulas por cinco dias por causa dos casos de tiroteios no bairro.
Natália Dantas tem 9 anos e estuda em uma escola pública de Salvador. A mãe dela, Juliana, afirma que apesar de gostar do ensino, fica preocupada quando o assunto é segurança.
“Essa deficiência de policiamento, de segurança até interna mesmo, nos próprios colégios, a gente nunca se sente 100% seguro”, disse Juliana Dantas.
Já Nianza Batista é professora em uma escola pública do bairro de Itacaranha, no subúrbio de Salvador. Para ela, o problema é a falta de segurança no entorno do colégio.
“Geralmente levam os celulares dos alunos. É algo que infelizmente a gente já dar como comum. Não deveria ser, mas a gente já aprendeu a conviver ou deixar o celular em casa, esconder”, afirmou a professora.
Para o coordenador geral da APLB, Rui Oliveira, a falta de segurança causa impactos na saúde mental dos trabalhadores e na evasão escolas.
“Eles têm medo de irem para as escolas, então aumenta a evasão escolar, que é um prejuízo para a sociedade. A gente precisa de uma política de segurança escolar para que nós possamos ter segurança”, opinou o representante do sindicato.
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APLB registra mais de 50 atos de violência em escolas públicas da Bahia nos primeiros três meses deste ano — Foto: Reprodução/TV Bahia
Elvira Pimentel é mestra em Educação pela Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) e doutoranda na mesma área pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) com pesquisa na área dos conflitos e convivência escolar.
A especialista explica que a violência nas escolas não é isolada ao ambiente educacional. Elvira Pimentel acredita que o problema é um reflexo do atual momento da sociedade.