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Enquanto os palcos brilham, as escolas apagam




Há quem diga que administrar uma cidade é um ato de equilíbrio. Mas, em Ilhéus, parece que a balança pende para o lado das luzes de palco, dos camarotes montados à beira-mar e dos anúncios de festas “históricas”. É curioso e, por que não, preocupante, perceber como a euforia das grandes celebrações convive bem com o silêncio das salas de aula que ainda esperam por reforma, ventilador e merenda decente.



Após seis anos, Ilhéus voltará a ter réveillon. Três dias de shows, fogos, palcos e nomes que fazem tremer orlas e orçamentos: Alok, Belo, Pablo… tudo para celebrar a virada de um novo ano. Um espetáculo, sem dúvida. O tipo de evento que rende fotos, manchetes, stories e aquele sentimento coletivo de “agora vai”.

Mas a música para e a cidade continua. Os artistas, os produtores, colocam seus milhões nos bolsos e o ilheense vai continuar a ouvir que a Prefeitura teria sido herdada com os cofres vazios. Serão os quatro anos assim? Dentre as preocupações, uma das maiores são com as crianças que precisam ou precisariam de uma qualidade estruturada garantida.

Não é segredo que a educação básica do município, outrora referência, anda cambaleante. Escolas com infiltrações, carteiras quebradas, transporte precário e atraso em obras que deveriam estar concluídas há tempos. Em 2025, a reforma do Instituto Municipal de Ensino Eusínio Lavigne, o IME, símbolo da educação pública local, só começou após uma notificação oficial, por exemplo. É o tipo de requalificação que precisa primeiro de cobrança para existir. O que já diz muito sobre as prioridades.
E voltamos para o argumento que escutamos o tempo todo, desde o primeiro dia de governo, aquele mesmo, do “herdamos uma prefeitura sem dinheiro, sem estrutura”.

Ok, justo. Mas, convenhamos, esse argumento tem validade curta. Afinal, se não há verba para garantir segurança nas escolas, merenda de qualidade e transporte digno para alunos da zona rural e distritos, de onde vem a criatividade orçamentária para financiar festas milionárias com cachês impagáveis?

Será que o cofre público sofre de uma espécie de “miopia seletiva”, que enxerga muito bem para o palco, mas quase nada para a sala de aula?

E, por mais que sabemos que essas verbas podem chegar por caminhos diferentes, dá sim para direcionar as prioridades.
Não se trata de demonizar o lazer, Ilhéus é terra de festa, de cultura viva e de gente que sabe celebrar. Mas é preciso reconhecer o que as crianças precisam dessa mesma vida pulsante das comemorações no dia a dia das salas de aula. É assim que definimos se o menino da Sapucaeira vai ter as mesmas oportunidades que a menina do centro; se o aluno que enfrenta lama e estrada esburacada chegará à escola com segurança; se os professores, tão essenciais quanto esquecidos, serão tratados com a dignidade que merecem.

É fácil culpar gestões passadas, ou a crise, ou o tempo. Difícil mesmo é olhar para dentro das escolas e enxergar que o futuro de Ilhéus está sentado ali, de mochila nas costas, esperando por uma oportunidade que talvez nunca chegue.

E é aqui que a ironia se dissolve em preocupação, se o futuro depende da educação, por que ela ainda é tratada como um fardo, e não como um investimento?

Educar não é favor, é dever. Um dever que não cabe em discursos de palanque nem em fotos de inauguração. Exige vigilância, responsabilidade e, acima de tudo, coragem para escolher o essencial diante do supérfluo.

Afinal, administrar a educação e a cidade, não cabe no ego de ninguém. Enquanto isso , tivemos em Abril parte do teto da Escola vovó Isaac desabado, alunos sendo transferidos às pressas para salas do Colégio Modelo e vocês sabem o resultado disso ? EVASÃO escolar altíssima apagaram tudo por lá , enquanto nos palcos da vida um show de ironias , muitas luzes e câmeras tripudiando da cara do POVO.

E talvez, antes do próximo show de fogos, valha lembrar que o brilho que mais importa não vem do céu, mas dos olhos de uma criança que aprende.

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