O futuro da direita brasileira: Fragmentação, novos nomes e o desafio de 2026. Por Jamesson Araújo



A tradicional direita brasileira foi amplamente absorvida pela extrema direita após a vitória de Jair Bolsonaro para a presidência em 2018. Muitos de seus principais líderes perderam espaço devido ao imenso apelo eleitoral do bolsonarismo e à polarização com o PT.
No presente, o possível ressurgimento de uma direita mais moderada deve-se, em grande parte, a uma rachadura no campo da extrema direita, com a família Bolsonaro brigando pelo espólio político de Jair. A rejeição gerada pela interferência dos EUA e de apoiadores bolsonaristas em ações que questionam a soberania nacional afastou ainda mais o discurso dos radicais dos moderados.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, tem sido alvo constante de fogo amigo e críticas pesadas de lideranças e da própria família Bolsonaro. Neste complicado jogo de xadrez, após visitar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta segunda-feira (29), o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou que deve ser candidato à reeleição em 2026.
Caso Tarcísio saísse como candidato a presidente, a extrema direita poderia perder a base em São Paulo, onde nomes da direita, esquerda e centro, como Geraldo Alckmin e Fernando Haddad, poderiam remodelar o mapa político na região sudeste.
Atualmente, a lista de possíveis presidenciáveis começa a incluir nomes de uma vertente mais tradicional da direita, sem extremismo, com um discurso coeso e que preza pelo respeito à democracia. Ratinho Junior, governador do Paraná, e Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, são exemplos de lideranças que tentarão furar a bolha do bolsonarismo e atrair eleitores para o campo moderado.
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), reafirmou que se coloca como candidato à Presidência da República em 2026 — e que pretende ser uma alternativa à “polarização representada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo ex-presidente Jair Bolsonaro”.
Esses dois novos nomes para a presidência podem oxigenar a eleição de 2026, que, sem essa renovação, segue a passos largos para uma vitória de Lula. O nome de Eduardo Leite, que pontua melhor que Ratinho Junior em alguns cenários, seria um contraponto interessante a Lula.
Leite, ao contrário de Tarcísio — que ainda depende do apoio do eleitorado bolsonarista, mas se nega a adotar um discurso radical —, pode ser a figura que una o eleitor da direita moderada. A grande questão será decidir quem, de fato, representará a direita nas eleições de 2026.
A pauta prioritária da extrema direita é a anistia para livrar principalmente Bolsonaro de processos judiciais, um tema que até agora não entrou na lista de prioridades de Ratinho Junior e Eduardo Leite.
Muitos podem lembrar dos nomes da ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e do deputado federal Eduardo Bolsonaro. No entanto, ambos esbarram na alta rejeição herdada do ex-presidente. Uma pesquisa Quaest divulgada mostra que a rejeição à família Bolsonaro cresceu e agora está acima de 60%, sendo o deputado Eduardo Bolsonaro taxado como “traidor” por uma parcela significativa do eleitorado.
Um nome mais palatável dentro da família Bolsonaro seria o senador Flávio Bolsonaro, que tem diálogo político com o centrão e setores da direita tradicional, podendo ser um nome para uma composição entre os dois extremos da direita. No entanto, o ex-presidente já afirmou que a prioridade é o fortalecimento do bolsonarismo no Senado, e Flávio tem sua reeleição bem encaminhada.
Seja quem for o candidato da extrema direita ou do centro,terá grandes dificuldades para derrotar o atual presidente, que vive uma crescente aceitação e popularidade, após meses de avaliação negativa recorde. Em 2022, Bolsonaro, com a máquina pública na mão e como fortíssimo candidato à reeleição, perdeu para Lula, um candidato que havia saído da prisão. Imagine agora Lula com a máquina nas mãos e a autoridade de presidente em exercício.
Portanto, vamos aguardar. Ainda há muita água para correr debaixo dessa ponte até 2026.