Estudantes da Faculdade Madre Thaís e da Faculdade de Ilhéus fazem busca por casos suspeitos de Hanseníase
Desde a última quarta-feira, dia 31 de agosto, estudantes dos cursos
de Fisioterapia e Farmácia da Faculdade Madre Thaís e de
Enfermagem da Faculdade de Ilhéus percorrem o Alto do Basílio em
busca de casos suspeitos de hanseníase na cidade. A previsão é de
que o trabalho seja concluído nesta segunda-feira, dia 05 de
setembro.
As ações integram o Projeto Espelho Meu, desenvolvido no âmbito do
município de Ilhéus, pactuado com a Rede Universitária de
Enfrentamento da Hanseníase na Bahia Rede, além de estar
vinculado à Secretaria Municipal de Saúde e atuar em articulação com
o curso de Fisioterapia da Faculdade Madre Thaís.
As atividades de campo acontecem sob a orientação da professora do
curso de Fisioterapia, Gracielle Santos, que é diretora da Rede
Universitária de Enfrentamento à Hanseníase no Estado da Bahia
(Rede-Hans Bahia). Escrito e coordenado por Eliana Mello, enfermeira
de referência e vice-diretora da Rede-Hans BA, o Projeto Espelho Meu
tem caráter permanente de forma a garantir que uma ação mensal
seja realizada em cada localidade/bairro do município, seguindo um
cronograma anual.
No primeiro dia, conforme deliberação da Secretaria Municipal de
Saúde para o mês de setembro, aconteceu um momento de
sensibilização na Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro Basílio,
com palestras da professora Gracielle Santos e das enfermeiras de
referência, Eliana Mello e Lorena Araújo, sobre a hanseníase. Na
oportunidade, os participantes receberam orientações sobre os
principais sinais para suspeição da doença. A capacitação envolveu
profissionais da equipe de Saúde da Família (eSF), inclusive
recepcionistas, com adesão em torno de 40 pessoas.
Acompanhados por enfermeiras de referência e agentes de saúde, os
estudantes iniciaram, na quinta-feira, a varredura-busca ativa de
casos suspeitos de hanseníase no bairro, através da visitação
domiciliar, inclusive, com orientações de saúde. A ação teve
continuidade na sexta-feira, com monitoramento da secretária da
Rede Hans, Danielle Zambon (que cursa Fisioterapia na Faculdade
Madre Thaís), mesmo com as chuvas que caíam na localidade.
No próximo dia 6, os casos suspeitos identificados no Basílio serão
avaliados para conclusão de um diagnóstico pela equipe especializada
do Centro de Atendimento Especializado – CAEIII (Antigo Sesp),
localizado na Av. Canavieiras, para que as pessoas possam iniciar o
tratamento.
A professora Gracielle Santos explica que “a Hanseníase é uma
doença infectocontagiosa, causada pela bactéria Mycobacterium
leprae, daí se popularizou o nome lepra. Essa bactéria tem um alto
poder de infecção e uma baixa patogenicidade, além de possuir
afinidade por pele e nervos, logo a Hanseníase é uma doença
dermatoneurológica”.
Especialista em Fisioterapia Neurofuncional, Gracielle informa que os
principais sinais e sintomas são: manchas brancas ou avermelhadas,
pouco pigmentadas, com perda da sensibilidade ao calor, frio, dor e
tato. Diz ainda que quando a doença está mais avançada pode ser
acompanhada de fraqueza muscular, com sinais de neuropatia,
parestesia, edema, entre outros. E que esses sinais podem aparecer
no rosto, nos membros superiores e inferiores.
A professora esclarece que “o contato com doentes em tratamento e
o contato físico direto com a mancha não transmite a doença.
Portanto, não é necessário isolamento, algo que foi preconizado
durante muitos anos!”. E acrescenta: “o contágio ocorre através do
contato íntimo prolongado com o doente que não esteja fazendo
tratamento, através de gotículas de saliva (vias aéreas superiores)”.
A enfermeira Eliana Mello afirma que “há uma alta prevalência oculta
da hanseníase no município, pois apesar da detecção por vezes não
ser expressiva, nos deparamos com muitos casos multibacilares, até
mesmo em crianças, fato que reflete diagnóstico tardio e falha nas
políticas públicas de prevenção e tratamento da doença. Alguns
bairros são considerados hiperendêmicos, a exemplo o bairro
Salobrinho”.
Ela ressalta a importância de projetos de orientação em saúde, de
educação permanente que contribuam tanto para a informação da
comunidade quanto para o aperfeiçoamento das equipes de Saúde. A
hanseníase tem cura. O tratamento é feito nas unidades de saúde e é
gratuito pelo SUS.
Segundo o Ministério da Saúde, somos o segundo país com maior
número de casos de hanseníase no mundo. Perdemos apenas para a
Índia. E de acordo com a Fiocruz a doença atinge em média 27 mil
pessoas por ano no Brasil. Assim como outras doenças
negligenciadas, a infecção está associada à pobreza. As populações
com condições de habitação insalubre e alimentação precária têm
mais chance de adoecer por hanseníase.