A Secretaria Municipal de Saúde oficializou um prazo de cinco dias para que a direção da Maternidade Santa Helena, em Ilhéus, apresente os prontuários das 35 pacientes que deram luz em um único dia naquela unidade hospitalar, um número três vezes maior que a média diária da instituição. Por falta de leitos para acolher a todas as parturientes, algumas ficaram internadas, em período pós-parto, em tatames improvisados no chão. As cenas foram registradas e ganharam repercussão negativa nas redes sociais.

Numa reunião ocorrida no início da semana, a direção da Santa Casa de Misericórdia – mantenedora da Maternidade – se pronunciou sobre a situação. “Tínhamos que decidir, não havia tempo e estávamos com uma superlotação na maternidade, três vezes maior que em condições de normalidade. É fato que fizemos uma adaptação para garantir o atendimento a todas as mulheres, colocamos aonde não deveria, mas salvamos vidas. Priorizamos isso”, disse a diretora Administrativa, Naide Silveira.

De acordo com a Santa Casa, foi uma situação atípica. Entre quinta-feira (15) e domingo (18), a Maternidade – a única em atividade em Ilhéus – recebeu 86 mulheres em trabalho de parto, a maior parte delas, segundo informou, em estado expulsivo, quando a gestante apresenta características de dilatação adiantada. O dia considerado crítico para o atendimento foi na sexta-feira – data em que as imagens foram gravadas – quando 35 crianças nasceram. Agora a Prefeitura quer avaliar os prontuários para ver se, de fato, havia a necessidade de acolhimento imediato de todas as pacientes, condição que provocou a superlotação.

Por outro lado, o Ministério Público vai apurar a responsabilidade da Maternidade Santa Helena e as condições que foram disponibilizadas para algumas das parturientes descansar. Desde ontem (20), o promotor Pedro Nogueira Coelho assumiu a investigação, atendendo a uma publicação do MP no Diário da Justiça Eletrônico. O prefeito Mário Alexandre disse hoje que aprova a iniciativa.

“Claro que toda a sociedade de Ilhéus sabe da lisura da Santa Casa e do respeito que a instituição merece. Mas é preciso saber qual a origem de uma situação pontual que não permitiu o cumprimento do direito de uma mãe ter o seu parto com tranquilidade e nas condições ideais estabelecidas pelo código de saúde”, assegurou. “Não admitiremos mais isso de nenhum prestador de serviço em nosso município”, assegurou Mário Alexandre.