John Young teve uma carreira de mais de quatro décadas na Nasa – APChaveChave

WASHINGTON – Morreu na noite de sexta-feira o astronauta americano John Young, o único a ir ao espaço a bordo de aeronaves de três programas: Gemini, Apollo e Space Shuttle. Ele caminhou — e dançou — na Lua por duas vezes, era considerado uma “lenda” e muito conhecido pelas tiradas bem-humoradas. Ele morreu devido a complicações de uma pneumonia aos 87 anos, 42 dos quais dedicados à sua carreira na Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos.

A Nasa confirmou a morte de Young pelo Twitter neste sábado:

“Estamos tristes com a perda do astronauta John Young, que tinha 87 anos. Young voou duas vezes para a Lua, andou em sua superfície e voou na primeira missão do Space Shuttle. Ele foi ao espaço seis vezes nos programas Gemini, Apollo e Space Shuttle”.

Nesta imagem de abril de 1972, disponibilizada pela Nasa, John Young caminha pela Lua durante a missão Apollo 16 – Charles M. Duke Jr. / AP

A agência divulgou uma declaração de seu presidente, Robert Lightfoot, em memória do astronauta, descrevendo-o como um “pioneiro”, alguém que sempre esteve na “vanguarda da exploração espacial humana”.

“Hoje, a Nasa e o mundo perderam um pioneiro. A longa carreira do astronauta John Young abrangeu três gerações de voo espacial”, destacou a nota oficial. “John foi um desses grupos de primeiros pioneiros espaciais, cuja bravura e compromisso provocaram as primeiras grandes conquistas do nosso país no espaço. Mas, não contente com isso, suas contribuições práticas continuaram muito depois do último de seus seis vôos espaciais – um recorde mundial no momento da sua aposentadoria do cockpit”, continuou o texto.

O comunicado finaliza definindo Young como “o astronauta dos astronautas:

“John Young estava na vanguarda da exploração espacial humana com seu equilíbrio, talento e tenacidade. Ele era de todos os modos o astronauta do astronauta. Vamos sentir falta dele”, escreveu o presidente da Nasa.

 

Young, em primeiro plano, e o astronauta Robert Crippen dentro do veículo Orbiter 102, do programa Space Shuttle – NASA / REUTERS

O amigo e também astronauta Terry Virts postou uma homenagem no Twitter:

“Descanse em paz, John Young. Você foi um dos meus heróis como astronauta e explorador, e sua paixão pelo espaço fará falta”.

Young foi o primeiro a ir ao espaço seis vezes e foi chefe do corpo de astronautas da Nasa entre 1974 e 1987, supervisionando 25 voos de ônibus espaciais durante os anos formativos do programa. Ele se destacava por aparentar extrema calma durante as missões, mesmo nos momentos de maior tensão ou expectativa.

Um dos tripulantes da Young na missão Apollo 16, de desembarque da Lua, Charlie Duke comentou, em muitas entrevistas, sobre como ele e Young reagiram de maneiras diferentes ao lançamento do foguete de Saturno 5:

— Eu soube pelo cirurgião de voo, mais tarde, que meu batimento cardíaco estava a 144. O do John (Young) era 70 — lembrou ele.

Em seu livro de memórias, “Forever Young: A Life of Adventure in Air and Space” (algo como “Para sempre Young/Jovem: Uma vida de Aventuras no Ar e no Espaço), o astronauta mostrou se divertir com a situação:

“Ou eu estava bem mais calmo do que pensei ou eu já estava velho demais para o coração ir mais rápido”, brincou Young, na autobiografia.

John Young, à esquerda, e Robert Crippen posam com um modelo da aeronave Space Shuttle Columbia, no Centro Espacial Johnson, em Houston May,em 1979 – NASA / REUTERS

Pouco antes de uma nova viagem ao espaço a bordo do ônibus Columbia — na primeira vez em que alguém se lançou em uma nave espacial não testada — uma pessoa perguntou a Young perguntou se ele tinha qualquer preocupação sobre aquela missão.

— Qualquer um que se senta sobre o maior sistema do mundo alimentado com hidrogênio-oxigênio, sabendo que vão acendê-lo, e não se preocupar um pouco, não compreende completamente a situação — disse ele, em uma de suas mais famosas frases.

Autor do livro “A Man on the Moon: The Voyages of the Apollo Astronauts (“O Homem e a Lua: As Viagens dos Astronautas da Apollo”, em tradução livre), Andrew Chaikin, não hesitou em manifestar sua admiração por Young.

— Ele era uma lenda vida. Tinha a habilidade de manter as pessoas sob seus pés — disse ele. — Young era um crente profundo de que a humanidade deveria estar uma espécie “multi-planeta”. Ele costumava falar que, se ficássemos neste planeta por muito tempo, algo iria nos “pegar”, seja um super vulcão ou qualquer outra coisa assim. Ele realmente acreditava.

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